segunda-feira, 15 de setembro de 2014

My person

Poderia aqui fazer uma lista das coisas que me fazem gostar de você. Citar todas as tuas qualidades e até defeitos pelos quais me encanto. No entanto, tudo isso você já sabe. São essas as razões que fizeram de ti uma das minhas pessoas favoritas no mundo. O que você não sabe - ou talvez ignora - é que existe um defeito teu que de forma alguma consigo achar charmoso, porque me fere. E é justamente por me ferir que preciso desabafar da maneira que sei: escrevendo. Você não sabe dividir sua atenção.

Por muito tempo me analisei, me perguntei se era ciúme, ataque possessivo e até acreditei que sim. Corri atrás, falei da minha saudade, até do meu tal ciúme, tentei te fazer admitir que eu já não sou a tua preferida - talvez nunca tenha sido, mas você me fez acreditar que sim- e que há um outro abraço que gostas mais. Você negava ou nem me respondia. E tudo isso é um velho filme se repetindo. Você não sabe ser amiga de cinco ao mesmo tempo, você tem amigos de fases. Podes até conversar com todos, mas amigas como a gente costumava ser, é temporário. E pelo visto minha fase já passou.

Eu sou a amiga do ensino médio que você lembra de mandar recados nostalgicos de vez em quando e se tudo continuar da maneira que está logo estaremos com aqueles diálogos do tipo "que saudade, vamos marcar alguma coisa" e essa alguma coisa nunca é marcada.

Então eu entendi - quem sabe cansei - que meu amor por ti não te faria permanecer ao meu lado se essa não fosse a tua vontade. Percebi que não era ciúme de fato, pois das minhas outras amigas eu não sinto esse medo da perda, porque elas não são amigas de uma pessoa por vez e eu sei que se elas conhecessem alguém novo ainda sim estariam aqui para mim, diferente de ti que assim que descobre um novo colo pra deitar, me anula aos poucos.

Assim que entendi tudo isso, apenas desejei que você estivesse feliz com quem quer que seja. E parei de me desesperar por isso. Aqui nessa cidade, não tenho ninguém que seja o que você representa pra mim, mas tenho bons amigos que me confortam e fazem meus dias menos pesados e alegres.

Fico aqui sentindo saudade quietinha, nao corro atrás, te deixo ir sem me fazer lembrar, quem sabe voltará...


sábado, 30 de agosto de 2014

Gravado na pele e na alma!

Tatuagem feita no mesmo local onde o Kuby deitou na última vez em que o vi vivo, na clínica veterinária.


Para tantos, seres irracionais e insignificantes. Para muitos, uns fofos merecedores de amor. E para poucos, parte de si.

Meu amiguinho surgiu quando eu ainda tinha seis anos. Era o menor dos seus irmãos, com olhar assustado, pelo tal qual algodão. Gracioso. Por alguma razão (que ainda desconheço), com minha criatividade infantil, o apelidei de Torresminho.

Torresminho virou Xuxu, Chamby, Kubyssauro, e por fim, Kuby. E ele era a razão pela qual eu desejava fortemente que o sinal da escola tocasse de uma vez por todas para que eu pudesse ir para casa, apertar, afagar, correr e brincar com a bolinha de pelos. Todos os dias ele me recebia com pulos e lambidas, com o rabinho de pom pom balançando incansavelmente.

Ocorreram dias desesperadores, lá pelos meus 11 anos...Meu pequeno resolveu explorar a cidade e não voltou. Três dias de busca, até que o encontrei preso por uma coleira em uma árvore, bem em frente a uma padaria. O padeiro que tinha lhe dado banho e comida, resolveu o deixar bem a vista para que alguém o reconhecesse. Anjo!

Quando cheguei a adolescência o colégio, amigos, festas e garotos tomaram meu tempo, e confesso que deixei meu menino de quatro patas um pouco de lado (onde aperto pra voltar no tempo?). Por mais que eu desse menos atenção, meu amor só crescia. A melhor parte do meu dia ainda era quando ele pulava e me lambia ao chegar em casa. E eu sei que ele esperava por esse momento o dia todo, minha família conta que ele sentava em frente a porta no mesmo horário todos os dias.

Não sei ao certo explicar esse amor. Sei que para muitos soa idiota demais toda essa ladainha, mas era e ainda é de verdade.

Quantas vezes por uma razão ou outra eu chorava e lá vinha ele, com seu olhar de conforto e se esfregando em mim. Nunca roeu  sapato ou outra coisa qualquer, sua unica desobediência era fazer xixi no lugar errado. Perfeito! Infelizmente no dia mais triste da minha vida, ele não estava lá me cutucando com sua patinha, nem me olhando com carinho. Eu já havia completado 17 anos em 26 de setembro de 2013, quando meu amigo veio a falecer. O dia mais triste da minha vida!

11 anos de convivência, mais da metade da minha vida, e eu me vi sem a criaturinha que tinha o meu mais puro amor. Eu me vi sem o mais puro amor que eu recebia.

Escrevo hoje, pois percebi que comecei a esquecer os pequenos detalhes dele que tanto me enchiam de paz e alegria. E eu não quero esquecer nenhuma parte dele.

Não quero esquecer de como ele deitava nos meus pés para dormir e como ele esfregava as patinhas na porta para sair do quarto de manhã; dele esfregando o fucinho no meu braço quando eu parava de o acariciar; dos beijinhos que eu lançava e ele devolvia colocando a língua pra fora da boca no mesmo instante; do seu medo de bola; dos latidos somente quando alguém tocava a campainha; de como ele rosnava quando alguém me beijava e como ele avançava quando alguém me batia. Jamais esquecerei do quão perfeito ele foi para mim.

Sem minha ovelinha (que na verdade era um poodle) , ficou tudo tão vazio! Creio jamais superar essa perda, apenas aprender a lidar com a saudade.

Para sempre, meu pequeno! Para sempre, Kuby!



segunda-feira, 7 de julho de 2014


"Ora veja...É o que sempre acontece às pessoas românticas: enfeitam uma criatura, até o último momento, com penas de pavão, e não querem ver, nela, senão o que é bom, muito embora sentindo tudo ao contrário. Jamais querem, antecipadamente, dar às coisas o seu devido nome. Essa simples ideia lhes parece insuportável. A verdade, repelem-na com todas as forças até o momento em que aquela pessoa, engalanada por elas próprias, lhes mete um murro na cara." (Dostoiévski)

domingo, 22 de junho de 2014

Dupla personalidade

Fico lutando com meu próprio ser na tentativa de sentir e decidir, se a minha metade de amor é maior que a de ódio ou vice-versa, ao que diz respeito a esse homem. Ele desencadeia esse misto em mim com a sua dupla personalidade. Ele fica entre me acolher e me ferir.

Deito na minha cama, fingindo estar dormindo - uma tática que desenvolvi ainda pequena para fugir do tormento quando ele se deixa levar pela personalidade maléfica - e fico reprisando os bons e os maus momentos - involuntariamente até - contabilizando qual está em vantagem. Chorando baixinho, pra não correr o risco de ser mais atormentada ainda pelo homem que possui todo o ódio que eu jamais senti por alguém. Nesse momento, me vem à mente o cara que fazia com que minha mãe saísse pela madrugada comigo atrás de um hotel; a pessoa que atropelou um motociclista por ser imprudente; toda a vergonha que a família passava diante das besteiras ditas por aquele que no outro dia sequer lembraria do que tinha feito e dito; dos pratos quebrados sem razão nenhuma; das brigas que eu era testemunha; lembro da certeza e da raiva da frase dirigida à mim "eu amo mais a cerveja do que você". É nesse momento também, que eu recordo daquele moço gentil que me ensinou a jogar vôlei; que segurou a bicicleta sem rodinhas para que eu aprendesse a me equilibrar; lembro do olhar de preocupação e fúria do homem protetor que saiu correndo na rua atrás de um sujeito que me assediou aos 9 anos; sinto o calor dos braços que me envolviam para assistir pica-pau, enquanto eu tomava um copo de nescau; recordo da personalidade boa que fazia cócegas no meu pé até eu dormir; a calma que ele transmitia quando eu estava apavorada com medo da Samara; a surpresa que era dormir no sofá e acordar na cama; ouço a voz da experiência que me ajudou a escolher o curso na faculdade. É nessa hora que eu percebo que além do maior ódio, eu sinto o maior amor do mundo por esse homem. Isso que me faz não desistir, não parar de falar, não parar de ver.

Quero desesperadamente abandonar por completo o pensamento "como eu queria que o pai da minha amiga fosse o meu pai". Eu preciso que ele seja invadido pelas coisas boas que ele tem, que ele seja somente a alma que ele nasceu com, ao invés de intercalar com as perdições que ele encontrou pelo caminho. Porque pesa, porque me dói por inteiro esse ódio que sinto por quem eu amo. Quero me livrar dessa mágoa que me impede de ser toda amor, que me atrasa e me faz ficar presa ao passado. E ele também precisa se livrar da doença, da parte podre que faz com que ele destrua tudo que está ao redor dele, e principalmente que o destrói. Só que é realmente cansativo querer ajudar alguém que não ajuda a si próprio.

Foram doze anos desejando com o coração mutilado, que ele fosse mais forte que a droga, que ele me amasse fortemente para me preferir feliz, pedindo que ele tivesse vontade de viver. E quando eu já estava desacreditada ele me diz pela primeira vez sem os olhos vermelhos "eu vou me tratar, eu quero viver, me perdoa". Por 10 minutos, senti toda a paz existente me invadindo, me senti mais leve, um tipo de alegria que nunca na vida senti igual, porém logo a razão me fez tocar os pés no chão e entender que a batalha era longa e nada simples. Lembrei também das milhares de vezes que ele disse essas mesmas palavras, no entanto, de olhos vermelhos e cara inchada. 

Hoje só peço e rezo para que seja verdade, para que realmente aconteça. Pois nós dois sabemos o quanto é necessário eu trocar a vergonha e a mágoa pela gratidão e o orgulho. E ainda mais necessário que ele esteja vivo.

sábado, 12 de abril de 2014

A onda



Novidades bateram à minha porta. E eu tão inacreditavelmente pronta — talvez pelos muitos goles de álcool —, atendi sem desenhar mil planos para o futuro na minha mente.


Tão de repente, meu corpo que há tempos estava de alma vazia se viu sendo preenchido em instantes. Ele me trouxe o tipo de alegria que parecia ter sumido há décadas do meu ser, do pequeno ser que me tornei envolta naqueles braços. Inesperado. Inesperado é o que define esse momento e tudo o que ele me trouxe. Ele foi a onda de entusiasmo que eu carecia.


Desde que fui feita destroços, encostei em vários corpos, e sem saber explicar, eu digo que ele foi o primeiro de tantos a me trazer paz.


Mesmo não acreditando plenamente em todas as palavras que me foram lançadas, não precisei fazer esforços para me sentir confortável.


Sinceramente, tanto faz se eu voltar a encontrá-lo, pouco me importa se ele lembrará de mim, porque por uma noite, deitados na praia, mesmo que brevemente, ele me fez lembrar como é se sentir completa.



Agora, pisando nos grãos de areia que foram espalhados no chão do meu quarto pelas minhas roupas, só penso: valeu a pena!






domingo, 6 de abril de 2014

O que teu cheiro causa em mim

Acabo de despertar de um coma. Sonhava que eu enfim havia me curado de antigas feridas, eu ria, era livre, andava por caminhos diferentes, degustava novas bocas, caminhava com ares de quem não tem nada a temer e tão pouco se importa com algo. Pensei que vivia um novo começo, mas me flagro desabando outra vez.

Acordei porque senti teu cheiro. O cheiro que já havia esquecido. Por que estou sentido teu cheiro se não te vejo há meses? Acordei. Ou será que é agora que me encontro semi-morta vivendo o pesadelo?

Como uma descarga elétrica, não consigo me mexer para escapar, só sinto dor e um filme passa em minha mente, lembrando de tudo que minha memória já havia feito o belo trabalho de deletar. E eu sei que és insuficiente para mim, assim como também sou pra você, mas meu inconsciente insiste em dizer que somos um do outro, mesmo que ninguém o queira, mesmo que todos contestem, mesmo que nós duvidemos. Meu inconsciente insiste em não me deixar te apagar, insiste em escrever sobre uma pessoa só.

Teu cheiro.

Meus dedos percorrendo teu cabelo, eu deitada no teu peito, minha boca colada na tua, minha mordida na tua nuca. Senti o cheiro dos nossos dias de glória.

Só não sei se com a tua ausência estou viva ou morta...


quinta-feira, 20 de março de 2014

Dentro dela é primavera!



Tenho saído por aí distribuindo — verdadeiros — sorrisos. Tenho andado alegre, como se todo dia fosse início de primavera. Conhecendo pessoas, crescendo, construindo uma nova vida, com uma nova rotina. Distraída sendo uma nova versão de mim mesma o dia inteiro. Mas é assim, de repente, uma certa inquietação, olho para os lados e então percebo: te procuro. E o mais engraçado: te vejo!!


Te vejo dentro do ônibus verde que tantas vezes te trouxe pra minha casa, vestindo uma camisa branca — mas tu sabes que prefiro quando estás de preto — em pé, de costas para a janela; na quinta, te vi passando com aquela mochila que já deve ser mais velha que o meu irmão — que por sinal eu odiava — ao lado da minha sala de aula; outro dia te enxerguei três vezes no caminho de volta pra casa; na reportagem sobre o teu time preferido, lá tu estavas, em frente as câmeras embaixo da chuva; ah, te vi também na sacada do prédio ao lado do meu.


Não pense que estou te seguindo, até porque sabemos que nenhum desses era realmente tu. Tenho conhecimento que foram apenas lapsos de nostalgia. Segundos em que torço, e, não torço para que sejas tu. Talvez por sorte, são sempre estranhos. Estranhos que me trazem alguma lembrança tua, no jeito de caminhar, de sorrir...É que faz tanto tempo que meus olhos não te alcançam, que pra não te esquecerem, te recriam.


Andei realmente com saudade de ti. Por alguns poucos minutos do dia, mas ainda assim, saudade. Confesso que brevemente quis que me procurasse.


Apesar desse impulso de anexar-te aos meus dias — raros dias — e ter a curiosidade de saber como tu estás seguindo, a primavera continua! Como a Ana Carolina sempre me lembra, "...a estrada sem você é mais segura", e embora eu queira estar perto de ti, eu não quero tanto assim...









terça-feira, 4 de março de 2014

Para onde foram as borboletas?



Era para as minhas gargalhadas estarem ecoando daqui ao Japão neste momento. Imaginei que estaria dançando ou pulando na cama — como uma garotinha que acaba de ganhar o presente de Natal que foi esperado o ano inteiro — bem agora. Achei que quando meus pensamentos me levassem até aquele moreno dos olhos esverdeados, e eu notasse que os meus, comumente castanhos, não ficaram úmidos pela lembrança, eu me encheria de paz. E eu notei.


Notei que aquele abraço já não é meu preferido; que o tal nome não mais causa um aperto no peito; as borboletas no estômago, ao reacender a lembrança dos bons momentos, já estão completamente mortas; que as noites não se arrastam mais. E por que diabos não estou feliz com isso?? Constatei que o fim do amor é triste. Se duvidar é ainda pior que a despedida. Vazio! Tenho dificuldades em me conformar com o fim de um laço. Escutei todas as músicas que o reviviam na minha memória pra sentir a dor de não tê-lo, mas só senti a dor de não querê-lo.


E como se já não estivesse ruim o bastante, eu sinto — uma leve — falta daquele cretino! Sinto falta do lado amigo, de jogar conversa fora, não sinto falta do "nós". Juro que não é uma questão de orgulho, eu poderia simplesmente ligar ou pedir pra que ele mandasse sinal de fumaça, só pra saber se está tudo bem — porque sinceramente torço pela felicidade dele — mas é preferível não dar chances para as borboletas ressuscitarem.




Sabe...talvez seja amor pra sempre, mas um amor que é espécie de carinho. Carinho pelo o que um dia ele representou pra mim. No entanto, aquele amor arrebatador, isso muito provavelmente jamais voltará a ser.





quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Tudo volta a ser só eu

Noite de verão, vestindo minha velha camisola, aquela que foi testemunha da nossa respiração ofegante e dos meus primeiros gemidos. Quase tudo que me cerca tem um toque dele. Eu tenho um toque dele. 

Incontáveis madrugadas em que deitada na cama, desejei aquele corpo conhecido ao lado; aquele cheiro; a mordida que quase já tinha o molde exato em minha pele. Não sei dizer quantas foram as vezes que cogitei ligar e com toda a vulnerabilidade da voz, revelar os sentimentos oprimidos. Tão pouco posso quantizar as ocasiões em que mudei de ideia, me senti covarde ao mesmo tempo que o orgulho, juntamente com toda a sensação de superioridade que ele traz, me completava. Paradoxalmente como praticamente tudo em mim. 

No entanto, hoje é uma noite diferente. Friozinho do ar condicionado, filme, cama de casal e edredom. E eu abraçada nos meus travesseiros. O diferente está aqui: não desejo que seja ninguém além dos meus travesseiros. Sozinha e feliz. Encerrando a concepção do clima perfeito para dois.

Ah amor próprio, como é bom te reencontrar! E mais do que isso, por todo esse dia me senti livre da agonia causada pela falta dele. Lembrei instantes alegres nossos e surpreendentemente, a vontade de reprisar não se fez presente. Sem necessidades, sem saudade. Apenas fechando as portas do passado, pronta para ser somente eu, sem ser movida por toques de ninguém. 

Não desejo o esquecer, nem sequer todos os momentos. Do contrário, o guardo com carinho e um aspecto nostálgico que não fere mais. Espero que essa calmaria, liberdade e maturidade não me deixem, pois precisarei delas para lidar com o fim de toda paixão que por tempos fez parte de mim.
"E ficamos nesse de vai-não-volta, nessa indecisão de uma certeza, de uma negação de uma vontade. Eu te amo e você me ama, mas o nosso amor não é o suficiente para nos unir. Precisamos de algo que ainda não temos, e talvez nunca venhamos a ter. Preciso ser minha antes de ser sua, e você precisa ser seu antes de ser meu. Mas você é da menina que mora na rua atrás da sua casa, e eu sou do cara que conheci em uma balada qualquer da vida. Somos tão diferentes, mas tão completos quando estamos um ao lado do outro. Poderíamos ser tão felizes, poderíamos ser tão amor. Mas, simplesmente, hoje somos apenas distantes."(Tati Bernardi)

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Declaro o réu culpado



Sinto-me imunda. Mergulhada nos erros, assombrada pela culpa. É a verdade que venho pedindo, mas o acovardamento que tem ficado. Conheço o ditado que diz "errar é humano" mas estive na busca excessiva da perfeição. E não me perdoo. Arrependimento é meu apelido e sobrenome, quase tatuado em minha testa.


Tomo banhos longos na tentativa de tornar a alma pura outra vez. Meu choro, que só as paredes do meu quarto assistem e apenas meu travesseiro consola, é um apelo

— em vão — para que o tempo regresse e eu possa optar por algo diferente. Ah se eu soubesse antes o que eu sei agora! Sei com absoluta certeza o que sinto, já não sou mais toda aquela confusão de menina. Sei muito bem o que quero, quase mulher. Ei, eu amadureci, acredite!


De fato, há males que vem para o bem. Nesse caso, mais pontos negativos que positivos, ainda assim, há coisas boas. Aprendi a nunca julgar alguém por seus equívocos; agora posso colocar meu corpo inteiro no fogo jurando que não cometerei a mesma falha; compreendo mais do que nunca a diferença entre sentimento verdadeiro e passageiro; e de certa forma — de uma forma incorreta — tornei-me uma versão melhorada de mim mesma. Melhorada não é a palavra certa, mas não encontro uma definição para o que sou agora.


Palavra certa, palavra errada. Atos corretos, atos falhos. No fim das contas de nada adianta tentar nadar para a perfeição, jamais a alcançarei. Sou mesmo humana como todos os outros, nem melhor nem pior. Desci do pedestal que alguns me colocaram e que eu mesma me mantinha lá aprisionada. Vivo para ser melhor a cada dia. Melhor do que fui ontem. E para eu encontrar a paz, preciso esvaziar o peito de toda a angustia através da minha boca contando aos teus ouvidos toda a triste história. Uma falsa paz, visto que livro-me da culpa, mas te perco.


A inocência que me preenchia deixou saudade.

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

"Não quero enfatizar mais ainda essa impossibilidade que nos divide, e não quero também gritar para o mundo essa sua covardia irrevogável. Contenho-me escrevendo sobre esses meus devaneios, sobre meu descuido quando tento não escrever sobre o meu amor. Escrevendo o quanto você poderia me amar, mas não ama. E que eu não deveria te amar, mas amo. Como se alguém além de mim se importasse, como se alguém além de mim acreditasse nesses absurdos, mas se eu me importo e acredito, é suficiente, não é mesmo? Já me falaram tanto sobre o impacto dessa nossa colisão, mas eu prefiro os meus destroços a esse amor que tu nunca ousaste em sentir."

sábado, 18 de janeiro de 2014

Recaída

Vem cá, levante os braços, mostre a língua, vire de costas. Onde está o teu radar que sinaliza quando estou decidida a te deixar pra trás? Pois definitivamente tu pressentes o exato dia e momento em que sou capaz de encerrar esse capítulo irrevogavelmente.

Quando sou capaz de visionar um horizonte sem teu semblante, que passo a me amar em primeiro lugar e já não possuo a necessidade de colecionar antigos objetos, canções e fotos que o recordam, tu dás um jeito de cruzar teu caminho com o meu. E aí a decisão tão grandemente incontestável passa a ser uma mera perspectiva.

Então tiro o bicho de pelúcia que ganhei, no meu primeiro dia dos namorados válido, do armário e abandono a tonalidade negativa das perguntas bobas que me eram contínuas nos últimos meses do tipo "o que foi que eu vi nele?". Volto a reviver os dias em que me senti totalmente feliz ao teu lado e considero os períodos ruins, nem tão ruins assim. Sinto toda aquela euforia que percorria meus vasos sanguíneos noutros tempos e então desabo outra vez.

Tu és como uma droga pra mim. Experimento; quero provar só mais um pouquinho porque gostei da sensação; entusiasmo, excitação; e por fim o vício, não me sinto bem sem o uso e perco coisas em razão da substância; passo por uma fase de reabilitação, mas acaba sendo mais forte que eu. Em uma de minhas recaídas — ocasionada pela tua ligação — desapoderei-me involuntariamente do meu orgulho e precisei ouvir tua voz mais uma vez. "Tas mudada. Por que tu bebe?" "Sei lá, eu não penso na hora." Mentira minha. Penso muito e por isso tento esquecer ou só trocar de droga. Logo caio em minha lucidez e volto a ser o eu auto suficiente que me é tirado de tempos em tempos.

Preciso resolver coisas minhas, coisas que te envolvem. Necessito me livrar da culpa por não ter tomado decisões corretas, me livrar da raiva que às vezes me toma por tu também não teres acertado. Quero o fim desse vem e vai. Do sim e do não. Não quero mais ser esse individuo completamente contraditório quando se trata de ti. Quero a gente, com a condição de que seja de corpo, alma e coração sereno. E principalmente que a reciprocidade flua.

Se não for pra ser assim, desliga teu radar e me deixa ir.




quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Pietra J.: A pequenitude das coisas grandes

Feito pela menina — insubstituível  que alegra meus dias há 3 anos.


Pietra J.: A pequenitude das coisas grandes: Carregas em teu olhar o afago que minha alma carece para sentir-se amparada. O simples vislumbre da tua face me remete a sensações tão aco...

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Nome teu

É o chamado da mãe à criança;
O personagem do livro que leio;
Meu vizinho do quarto andar;
A placa que indica a rua em que passo;
O crachá do atendente da loja;
É o repórter do telejornal;

Tudo grita o nome que quero calar

domingo, 5 de janeiro de 2014

Reconstrução

Começo a acreditar naquele velho conceito de que quando você menos espera, o amor aparece. Uma pena que tenha sido mais amor da minha parte. Depois da tua partida, sem sequer um beijo final pra selar o que um dia tivemos, vivo numa constante de dias intercalados entre pensar excessivamente em ti e só lembrá-lo quando alguma circunstância te recorda.

129 dias que tu saístes andando enquanto eu chorava, 129 noites em que a solidão me abraça. Tuas visitas nos meus sonhos cinco vezes por semana não tem me amparado. Te perdendo eu me perdi e de tudo isso é o que eu mais sinto. Afiliei-me à festas e bares, tive a ânsia de esquecer quem eu era por algumas horas; provei bocas que não despertavam nenhuma euforia em mim apenas para me sentir um pouco acalentada e —talvez—  inconscientemente buscar te causar uma ferida; deixei aquela alegria essencialmente minha e passei a detestar tudo o que me cercava; abandonei o castanho do meu olhar pelo escarlate. Logo eu, que mesmo na minha imaturidade pensei jamais chegar a esse ponto, fazendo tudo o que eu sempre tomei por ridículo.

Por sorte — se em alguma parte disso a sorte existe— eu sempre tive uma racionalidade, que estava apenas tirando férias, e caí em mim que nada disso me tornaria mais feliz— ou menos triste. Não me agrada a falta de controle, muito menos a falta de controle sobre mim mesma. Pouco a pouco tenho recuperado o meu eu e começo a reconhecer o reflexo no espelho.

Agora, possuo como foco o declínio do "nós" ao invés de reviver mentalmente os bons momentos. Quero falar apenas a respeito do nosso fim para tentar me convencer mais uma vez que é realmente o decreto final, não quero recapitular como os teus olhos me deixavam anestesiada e nem como a tua voz ainda me cativa. Nesse momento, quero lembrar das vezes que deixei nas entrelinhas que precisava do teu carinho e tu não me lestes; de como tu eras a melhor parte do meu dia enquanto eu era apenas um compromisso da tarde; das vezes em que estava louca pra te ver e tu preferistes permanecer em casa assistindo TV sozinho; do teu nome em primeiro plano pra mim enquanto tu escolhias qual seria a próxima garota do teu bairro a ganhar tua atenção; Torná-lo insuficiente pra mim, esse é o plano.

Gradativamente percebo resultados: não mais tremo quando teu número aparece na tela do meu celular e consigo manter uma conversa sem taquicardia; já consigo escrever a respeito também. Aguardo a ocasião em que sabendo de todas as tuas centenas de defeitos eu não o ame mais. Mais 129 dias e quem sabe serei eu a discar os números apenas pra te contar que à noite não me sinto só e tenho o vislumbre de um futuro sem ti. Quem sabe...

Imagino o dia em que tão inesperadamente quanto o amor chegou, ele se desfaça.