domingo, 5 de janeiro de 2014

Reconstrução

Começo a acreditar naquele velho conceito de que quando você menos espera, o amor aparece. Uma pena que tenha sido mais amor da minha parte. Depois da tua partida, sem sequer um beijo final pra selar o que um dia tivemos, vivo numa constante de dias intercalados entre pensar excessivamente em ti e só lembrá-lo quando alguma circunstância te recorda.

129 dias que tu saístes andando enquanto eu chorava, 129 noites em que a solidão me abraça. Tuas visitas nos meus sonhos cinco vezes por semana não tem me amparado. Te perdendo eu me perdi e de tudo isso é o que eu mais sinto. Afiliei-me à festas e bares, tive a ânsia de esquecer quem eu era por algumas horas; provei bocas que não despertavam nenhuma euforia em mim apenas para me sentir um pouco acalentada e —talvez—  inconscientemente buscar te causar uma ferida; deixei aquela alegria essencialmente minha e passei a detestar tudo o que me cercava; abandonei o castanho do meu olhar pelo escarlate. Logo eu, que mesmo na minha imaturidade pensei jamais chegar a esse ponto, fazendo tudo o que eu sempre tomei por ridículo.

Por sorte — se em alguma parte disso a sorte existe— eu sempre tive uma racionalidade, que estava apenas tirando férias, e caí em mim que nada disso me tornaria mais feliz— ou menos triste. Não me agrada a falta de controle, muito menos a falta de controle sobre mim mesma. Pouco a pouco tenho recuperado o meu eu e começo a reconhecer o reflexo no espelho.

Agora, possuo como foco o declínio do "nós" ao invés de reviver mentalmente os bons momentos. Quero falar apenas a respeito do nosso fim para tentar me convencer mais uma vez que é realmente o decreto final, não quero recapitular como os teus olhos me deixavam anestesiada e nem como a tua voz ainda me cativa. Nesse momento, quero lembrar das vezes que deixei nas entrelinhas que precisava do teu carinho e tu não me lestes; de como tu eras a melhor parte do meu dia enquanto eu era apenas um compromisso da tarde; das vezes em que estava louca pra te ver e tu preferistes permanecer em casa assistindo TV sozinho; do teu nome em primeiro plano pra mim enquanto tu escolhias qual seria a próxima garota do teu bairro a ganhar tua atenção; Torná-lo insuficiente pra mim, esse é o plano.

Gradativamente percebo resultados: não mais tremo quando teu número aparece na tela do meu celular e consigo manter uma conversa sem taquicardia; já consigo escrever a respeito também. Aguardo a ocasião em que sabendo de todas as tuas centenas de defeitos eu não o ame mais. Mais 129 dias e quem sabe serei eu a discar os números apenas pra te contar que à noite não me sinto só e tenho o vislumbre de um futuro sem ti. Quem sabe...

Imagino o dia em que tão inesperadamente quanto o amor chegou, ele se desfaça.











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