Vem cá, levante os braços, mostre a língua, vire de costas. Onde está o teu radar que sinaliza quando estou decidida a te deixar pra trás? Pois definitivamente tu pressentes o exato dia e momento em que sou capaz de encerrar esse capítulo irrevogavelmente.
Quando sou capaz de visionar um horizonte sem teu semblante, que passo a me amar em primeiro lugar e já não possuo a necessidade de colecionar antigos objetos, canções e fotos que o recordam, tu dás um jeito de cruzar teu caminho com o meu. E aí a decisão tão grandemente incontestável passa a ser uma mera perspectiva.
Então tiro o bicho de pelúcia que ganhei, no meu primeiro dia dos namorados válido, do armário e abandono a tonalidade negativa das perguntas bobas que me eram contínuas nos últimos meses do tipo "o que foi que eu vi nele?". Volto a reviver os dias em que me senti totalmente feliz ao teu lado e considero os períodos ruins, nem tão ruins assim. Sinto toda aquela euforia que percorria meus vasos sanguíneos noutros tempos e então desabo outra vez.
Tu és como uma droga pra mim. Experimento; quero provar só mais um pouquinho porque gostei da sensação; entusiasmo, excitação; e por fim o vício, não me sinto bem sem o uso e perco coisas em razão da substância; passo por uma fase de reabilitação, mas acaba sendo mais forte que eu. Em uma de minhas recaídas — ocasionada pela tua ligação — desapoderei-me involuntariamente do meu orgulho e precisei ouvir tua voz mais uma vez. "Tas mudada. Por que tu bebe?" "Sei lá, eu não penso na hora." Mentira minha. Penso muito e por isso tento esquecer ou só trocar de droga. Logo caio em minha lucidez e volto a ser o eu auto suficiente que me é tirado de tempos em tempos.
Preciso resolver coisas minhas, coisas que te envolvem. Necessito me livrar da culpa por não ter tomado decisões corretas, me livrar da raiva que às vezes me toma por tu também não teres acertado. Quero o fim desse vem e vai. Do sim e do não. Não quero mais ser esse individuo completamente contraditório quando se trata de ti. Quero a gente, com a condição de que seja de corpo, alma e coração sereno. E principalmente que a reciprocidade flua.
Se não for pra ser assim, desliga teu radar e me deixa ir.
Nenhum comentário:
Postar um comentário