sábado, 30 de agosto de 2014

Gravado na pele e na alma!

Tatuagem feita no mesmo local onde o Kuby deitou na última vez em que o vi vivo, na clínica veterinária.


Para tantos, seres irracionais e insignificantes. Para muitos, uns fofos merecedores de amor. E para poucos, parte de si.

Meu amiguinho surgiu quando eu ainda tinha seis anos. Era o menor dos seus irmãos, com olhar assustado, pelo tal qual algodão. Gracioso. Por alguma razão (que ainda desconheço), com minha criatividade infantil, o apelidei de Torresminho.

Torresminho virou Xuxu, Chamby, Kubyssauro, e por fim, Kuby. E ele era a razão pela qual eu desejava fortemente que o sinal da escola tocasse de uma vez por todas para que eu pudesse ir para casa, apertar, afagar, correr e brincar com a bolinha de pelos. Todos os dias ele me recebia com pulos e lambidas, com o rabinho de pom pom balançando incansavelmente.

Ocorreram dias desesperadores, lá pelos meus 11 anos...Meu pequeno resolveu explorar a cidade e não voltou. Três dias de busca, até que o encontrei preso por uma coleira em uma árvore, bem em frente a uma padaria. O padeiro que tinha lhe dado banho e comida, resolveu o deixar bem a vista para que alguém o reconhecesse. Anjo!

Quando cheguei a adolescência o colégio, amigos, festas e garotos tomaram meu tempo, e confesso que deixei meu menino de quatro patas um pouco de lado (onde aperto pra voltar no tempo?). Por mais que eu desse menos atenção, meu amor só crescia. A melhor parte do meu dia ainda era quando ele pulava e me lambia ao chegar em casa. E eu sei que ele esperava por esse momento o dia todo, minha família conta que ele sentava em frente a porta no mesmo horário todos os dias.

Não sei ao certo explicar esse amor. Sei que para muitos soa idiota demais toda essa ladainha, mas era e ainda é de verdade.

Quantas vezes por uma razão ou outra eu chorava e lá vinha ele, com seu olhar de conforto e se esfregando em mim. Nunca roeu  sapato ou outra coisa qualquer, sua unica desobediência era fazer xixi no lugar errado. Perfeito! Infelizmente no dia mais triste da minha vida, ele não estava lá me cutucando com sua patinha, nem me olhando com carinho. Eu já havia completado 17 anos em 26 de setembro de 2013, quando meu amigo veio a falecer. O dia mais triste da minha vida!

11 anos de convivência, mais da metade da minha vida, e eu me vi sem a criaturinha que tinha o meu mais puro amor. Eu me vi sem o mais puro amor que eu recebia.

Escrevo hoje, pois percebi que comecei a esquecer os pequenos detalhes dele que tanto me enchiam de paz e alegria. E eu não quero esquecer nenhuma parte dele.

Não quero esquecer de como ele deitava nos meus pés para dormir e como ele esfregava as patinhas na porta para sair do quarto de manhã; dele esfregando o fucinho no meu braço quando eu parava de o acariciar; dos beijinhos que eu lançava e ele devolvia colocando a língua pra fora da boca no mesmo instante; do seu medo de bola; dos latidos somente quando alguém tocava a campainha; de como ele rosnava quando alguém me beijava e como ele avançava quando alguém me batia. Jamais esquecerei do quão perfeito ele foi para mim.

Sem minha ovelinha (que na verdade era um poodle) , ficou tudo tão vazio! Creio jamais superar essa perda, apenas aprender a lidar com a saudade.

Para sempre, meu pequeno! Para sempre, Kuby!



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