Noite de verão, vestindo minha velha camisola, aquela que foi testemunha da nossa respiração ofegante e dos meus primeiros gemidos. Quase tudo que me cerca tem um toque dele. Eu tenho um toque dele.
Incontáveis madrugadas em que deitada na cama, desejei aquele corpo conhecido ao lado; aquele cheiro; a mordida que quase já tinha o molde exato em minha pele. Não sei dizer quantas foram as vezes que cogitei ligar e com toda a vulnerabilidade da voz, revelar os sentimentos oprimidos. Tão pouco posso quantizar as ocasiões em que mudei de ideia, me senti covarde ao mesmo tempo que o orgulho, juntamente com toda a sensação de superioridade que ele traz, me completava. Paradoxalmente como praticamente tudo em mim.
No entanto, hoje é uma noite diferente. Friozinho do ar condicionado, filme, cama de casal e edredom. E eu abraçada nos meus travesseiros. O diferente está aqui: não desejo que seja ninguém além dos meus travesseiros. Sozinha e feliz. Encerrando a concepção do clima perfeito para dois.
Ah amor próprio, como é bom te reencontrar! E mais do que isso, por todo esse dia me senti livre da agonia causada pela falta dele. Lembrei instantes alegres nossos e surpreendentemente, a vontade de reprisar não se fez presente. Sem necessidades, sem saudade. Apenas fechando as portas do passado, pronta para ser somente eu, sem ser movida por toques de ninguém.
Não desejo o esquecer, nem sequer todos os momentos. Do contrário, o guardo com carinho e um aspecto nostálgico que não fere mais. Espero que essa calmaria, liberdade e maturidade não me deixem, pois precisarei delas para lidar com o fim de toda paixão que por tempos fez parte de mim.
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