Noite de verão, vestindo minha velha camisola, aquela que foi testemunha da nossa respiração ofegante e dos meus primeiros gemidos. Quase tudo que me cerca tem um toque dele. Eu tenho um toque dele.
Incontáveis madrugadas em que deitada na cama, desejei aquele corpo conhecido ao lado; aquele cheiro; a mordida que quase já tinha o molde exato em minha pele. Não sei dizer quantas foram as vezes que cogitei ligar e com toda a vulnerabilidade da voz, revelar os sentimentos oprimidos. Tão pouco posso quantizar as ocasiões em que mudei de ideia, me senti covarde ao mesmo tempo que o orgulho, juntamente com toda a sensação de superioridade que ele traz, me completava. Paradoxalmente como praticamente tudo em mim.
No entanto, hoje é uma noite diferente. Friozinho do ar condicionado, filme, cama de casal e edredom. E eu abraçada nos meus travesseiros. O diferente está aqui: não desejo que seja ninguém além dos meus travesseiros. Sozinha e feliz. Encerrando a concepção do clima perfeito para dois.
Ah amor próprio, como é bom te reencontrar! E mais do que isso, por todo esse dia me senti livre da agonia causada pela falta dele. Lembrei instantes alegres nossos e surpreendentemente, a vontade de reprisar não se fez presente. Sem necessidades, sem saudade. Apenas fechando as portas do passado, pronta para ser somente eu, sem ser movida por toques de ninguém.
Não desejo o esquecer, nem sequer todos os momentos. Do contrário, o guardo com carinho e um aspecto nostálgico que não fere mais. Espero que essa calmaria, liberdade e maturidade não me deixem, pois precisarei delas para lidar com o fim de toda paixão que por tempos fez parte de mim.
quarta-feira, 29 de janeiro de 2014
"E ficamos nesse de vai-não-volta, nessa indecisão de uma certeza, de uma negação de uma vontade. Eu te amo e você me ama, mas o nosso amor não é o suficiente para nos unir. Precisamos de algo que ainda não temos, e talvez nunca venhamos a ter. Preciso ser minha antes de ser sua, e você precisa ser seu antes de ser meu. Mas você é da menina que mora na rua atrás da sua casa, e eu sou do cara que conheci em uma balada qualquer da vida. Somos tão diferentes, mas tão completos quando estamos um ao lado do outro. Poderíamos ser tão felizes, poderíamos ser tão amor. Mas, simplesmente, hoje somos apenas distantes."(Tati Bernardi)
quarta-feira, 22 de janeiro de 2014
Declaro o réu culpado
Sinto-me imunda. Mergulhada nos erros, assombrada pela culpa. É a verdade que venho pedindo, mas o acovardamento que tem ficado. Conheço o ditado que diz "errar é humano" mas estive na busca excessiva da perfeição. E não me perdoo. Arrependimento é meu apelido e sobrenome, quase tatuado em minha testa.
Tomo banhos longos na tentativa de tornar a alma pura outra vez. Meu choro, que só as paredes do meu quarto assistem e apenas meu travesseiro consola, é um apelo
— em vão — para que o tempo regresse e eu possa optar por algo diferente. Ah se eu soubesse antes o que eu sei agora! Sei com absoluta certeza o que sinto, já não sou mais toda aquela confusão de menina. Sei muito bem o que quero, quase mulher. Ei, eu amadureci, acredite!
De fato, há males que vem para o bem. Nesse caso, mais pontos negativos que positivos, ainda assim, há coisas boas. Aprendi a nunca julgar alguém por seus equívocos; agora posso colocar meu corpo inteiro no fogo jurando que não cometerei a mesma falha; compreendo mais do que nunca a diferença entre sentimento verdadeiro e passageiro; e de certa forma — de uma forma incorreta — tornei-me uma versão melhorada de mim mesma. Melhorada não é a palavra certa, mas não encontro uma definição para o que sou agora.
Palavra certa, palavra errada. Atos corretos, atos falhos. No fim das contas de nada adianta tentar nadar para a perfeição, jamais a alcançarei. Sou mesmo humana como todos os outros, nem melhor nem pior. Desci do pedestal que alguns me colocaram e que eu mesma me mantinha lá aprisionada. Vivo para ser melhor a cada dia. Melhor do que fui ontem. E para eu encontrar a paz, preciso esvaziar o peito de toda a angustia através da minha boca contando aos teus ouvidos toda a triste história. Uma falsa paz, visto que livro-me da culpa, mas te perco.
A inocência que me preenchia deixou saudade.
terça-feira, 21 de janeiro de 2014
"Não quero enfatizar mais ainda essa impossibilidade que nos divide, e não quero também gritar para o mundo essa sua covardia irrevogável. Contenho-me escrevendo sobre esses meus devaneios, sobre meu descuido quando tento não escrever sobre o meu amor. Escrevendo o quanto você poderia me amar, mas não ama. E que eu não deveria te amar, mas amo. Como se alguém além de mim se importasse, como se alguém além de mim acreditasse nesses absurdos, mas se eu me importo e acredito, é suficiente, não é mesmo? Já me falaram tanto sobre o impacto dessa nossa colisão, mas eu prefiro os meus destroços a esse amor que tu nunca ousaste em sentir."
sábado, 18 de janeiro de 2014
Recaída
Vem cá, levante os braços, mostre a língua, vire de costas. Onde está o teu radar que sinaliza quando estou decidida a te deixar pra trás? Pois definitivamente tu pressentes o exato dia e momento em que sou capaz de encerrar esse capítulo irrevogavelmente.
Quando sou capaz de visionar um horizonte sem teu semblante, que passo a me amar em primeiro lugar e já não possuo a necessidade de colecionar antigos objetos, canções e fotos que o recordam, tu dás um jeito de cruzar teu caminho com o meu. E aí a decisão tão grandemente incontestável passa a ser uma mera perspectiva.
Então tiro o bicho de pelúcia que ganhei, no meu primeiro dia dos namorados válido, do armário e abandono a tonalidade negativa das perguntas bobas que me eram contínuas nos últimos meses do tipo "o que foi que eu vi nele?". Volto a reviver os dias em que me senti totalmente feliz ao teu lado e considero os períodos ruins, nem tão ruins assim. Sinto toda aquela euforia que percorria meus vasos sanguíneos noutros tempos e então desabo outra vez.
Tu és como uma droga pra mim. Experimento; quero provar só mais um pouquinho porque gostei da sensação; entusiasmo, excitação; e por fim o vício, não me sinto bem sem o uso e perco coisas em razão da substância; passo por uma fase de reabilitação, mas acaba sendo mais forte que eu. Em uma de minhas recaídas — ocasionada pela tua ligação — desapoderei-me involuntariamente do meu orgulho e precisei ouvir tua voz mais uma vez. "Tas mudada. Por que tu bebe?" "Sei lá, eu não penso na hora." Mentira minha. Penso muito e por isso tento esquecer ou só trocar de droga. Logo caio em minha lucidez e volto a ser o eu auto suficiente que me é tirado de tempos em tempos.
Preciso resolver coisas minhas, coisas que te envolvem. Necessito me livrar da culpa por não ter tomado decisões corretas, me livrar da raiva que às vezes me toma por tu também não teres acertado. Quero o fim desse vem e vai. Do sim e do não. Não quero mais ser esse individuo completamente contraditório quando se trata de ti. Quero a gente, com a condição de que seja de corpo, alma e coração sereno. E principalmente que a reciprocidade flua.
Se não for pra ser assim, desliga teu radar e me deixa ir.
Quando sou capaz de visionar um horizonte sem teu semblante, que passo a me amar em primeiro lugar e já não possuo a necessidade de colecionar antigos objetos, canções e fotos que o recordam, tu dás um jeito de cruzar teu caminho com o meu. E aí a decisão tão grandemente incontestável passa a ser uma mera perspectiva.
Então tiro o bicho de pelúcia que ganhei, no meu primeiro dia dos namorados válido, do armário e abandono a tonalidade negativa das perguntas bobas que me eram contínuas nos últimos meses do tipo "o que foi que eu vi nele?". Volto a reviver os dias em que me senti totalmente feliz ao teu lado e considero os períodos ruins, nem tão ruins assim. Sinto toda aquela euforia que percorria meus vasos sanguíneos noutros tempos e então desabo outra vez.
Tu és como uma droga pra mim. Experimento; quero provar só mais um pouquinho porque gostei da sensação; entusiasmo, excitação; e por fim o vício, não me sinto bem sem o uso e perco coisas em razão da substância; passo por uma fase de reabilitação, mas acaba sendo mais forte que eu. Em uma de minhas recaídas — ocasionada pela tua ligação — desapoderei-me involuntariamente do meu orgulho e precisei ouvir tua voz mais uma vez. "Tas mudada. Por que tu bebe?" "Sei lá, eu não penso na hora." Mentira minha. Penso muito e por isso tento esquecer ou só trocar de droga. Logo caio em minha lucidez e volto a ser o eu auto suficiente que me é tirado de tempos em tempos.
Preciso resolver coisas minhas, coisas que te envolvem. Necessito me livrar da culpa por não ter tomado decisões corretas, me livrar da raiva que às vezes me toma por tu também não teres acertado. Quero o fim desse vem e vai. Do sim e do não. Não quero mais ser esse individuo completamente contraditório quando se trata de ti. Quero a gente, com a condição de que seja de corpo, alma e coração sereno. E principalmente que a reciprocidade flua.
Se não for pra ser assim, desliga teu radar e me deixa ir.
quinta-feira, 16 de janeiro de 2014
Pietra J.: A pequenitude das coisas grandes
Feito pela menina — insubstituível — que alegra meus dias há 3 anos.
Pietra J.: A pequenitude das coisas grandes: Carregas em teu olhar o afago que minha alma carece para sentir-se amparada. O simples vislumbre da tua face me remete a sensações tão aco...
Pietra J.: A pequenitude das coisas grandes: Carregas em teu olhar o afago que minha alma carece para sentir-se amparada. O simples vislumbre da tua face me remete a sensações tão aco...
segunda-feira, 6 de janeiro de 2014
Nome teu
É o chamado da mãe à criança;
O personagem do livro que leio;
Meu vizinho do quarto andar;
A placa que indica a rua em que passo;
O crachá do atendente da loja;
É o repórter do telejornal;
Tudo grita o nome que quero calar
O personagem do livro que leio;
Meu vizinho do quarto andar;
A placa que indica a rua em que passo;
O crachá do atendente da loja;
É o repórter do telejornal;
Tudo grita o nome que quero calar
domingo, 5 de janeiro de 2014
Reconstrução
Começo a acreditar naquele velho conceito de que quando você menos espera, o amor aparece. Uma pena que tenha sido mais amor da minha parte. Depois da tua partida, sem sequer um beijo final pra selar o que um dia tivemos, vivo numa constante de dias intercalados entre pensar excessivamente em ti e só lembrá-lo quando alguma circunstância te recorda.
129 dias que tu saístes andando enquanto eu chorava, 129 noites em que a solidão me abraça. Tuas visitas nos meus sonhos cinco vezes por semana não tem me amparado. Te perdendo eu me perdi e de tudo isso é o que eu mais sinto. Afiliei-me à festas e bares, tive a ânsia de esquecer quem eu era por algumas horas; provei bocas que não despertavam nenhuma euforia em mim apenas para me sentir um pouco acalentada e —talvez— inconscientemente buscar te causar uma ferida; deixei aquela alegria essencialmente minha e passei a detestar tudo o que me cercava; abandonei o castanho do meu olhar pelo escarlate. Logo eu, que mesmo na minha imaturidade pensei jamais chegar a esse ponto, fazendo tudo o que eu sempre tomei por ridículo.
Por sorte — se em alguma parte disso a sorte existe— eu sempre tive uma racionalidade, que estava apenas tirando férias, e caí em mim que nada disso me tornaria mais feliz— ou menos triste. Não me agrada a falta de controle, muito menos a falta de controle sobre mim mesma. Pouco a pouco tenho recuperado o meu eu e começo a reconhecer o reflexo no espelho.
Agora, possuo como foco o declínio do "nós" ao invés de reviver mentalmente os bons momentos. Quero falar apenas a respeito do nosso fim para tentar me convencer mais uma vez que é realmente o decreto final, não quero recapitular como os teus olhos me deixavam anestesiada e nem como a tua voz ainda me cativa. Nesse momento, quero lembrar das vezes que deixei nas entrelinhas que precisava do teu carinho e tu não me lestes; de como tu eras a melhor parte do meu dia enquanto eu era apenas um compromisso da tarde; das vezes em que estava louca pra te ver e tu preferistes permanecer em casa assistindo TV sozinho; do teu nome em primeiro plano pra mim enquanto tu escolhias qual seria a próxima garota do teu bairro a ganhar tua atenção; Torná-lo insuficiente pra mim, esse é o plano.
Gradativamente percebo resultados: não mais tremo quando teu número aparece na tela do meu celular e consigo manter uma conversa sem taquicardia; já consigo escrever a respeito também. Aguardo a ocasião em que sabendo de todas as tuas centenas de defeitos eu não o ame mais. Mais 129 dias e quem sabe serei eu a discar os números apenas pra te contar que à noite não me sinto só e tenho o vislumbre de um futuro sem ti. Quem sabe...
Imagino o dia em que tão inesperadamente quanto o amor chegou, ele se desfaça.
129 dias que tu saístes andando enquanto eu chorava, 129 noites em que a solidão me abraça. Tuas visitas nos meus sonhos cinco vezes por semana não tem me amparado. Te perdendo eu me perdi e de tudo isso é o que eu mais sinto. Afiliei-me à festas e bares, tive a ânsia de esquecer quem eu era por algumas horas; provei bocas que não despertavam nenhuma euforia em mim apenas para me sentir um pouco acalentada e —talvez— inconscientemente buscar te causar uma ferida; deixei aquela alegria essencialmente minha e passei a detestar tudo o que me cercava; abandonei o castanho do meu olhar pelo escarlate. Logo eu, que mesmo na minha imaturidade pensei jamais chegar a esse ponto, fazendo tudo o que eu sempre tomei por ridículo.
Por sorte — se em alguma parte disso a sorte existe— eu sempre tive uma racionalidade, que estava apenas tirando férias, e caí em mim que nada disso me tornaria mais feliz— ou menos triste. Não me agrada a falta de controle, muito menos a falta de controle sobre mim mesma. Pouco a pouco tenho recuperado o meu eu e começo a reconhecer o reflexo no espelho.
Agora, possuo como foco o declínio do "nós" ao invés de reviver mentalmente os bons momentos. Quero falar apenas a respeito do nosso fim para tentar me convencer mais uma vez que é realmente o decreto final, não quero recapitular como os teus olhos me deixavam anestesiada e nem como a tua voz ainda me cativa. Nesse momento, quero lembrar das vezes que deixei nas entrelinhas que precisava do teu carinho e tu não me lestes; de como tu eras a melhor parte do meu dia enquanto eu era apenas um compromisso da tarde; das vezes em que estava louca pra te ver e tu preferistes permanecer em casa assistindo TV sozinho; do teu nome em primeiro plano pra mim enquanto tu escolhias qual seria a próxima garota do teu bairro a ganhar tua atenção; Torná-lo insuficiente pra mim, esse é o plano.
Gradativamente percebo resultados: não mais tremo quando teu número aparece na tela do meu celular e consigo manter uma conversa sem taquicardia; já consigo escrever a respeito também. Aguardo a ocasião em que sabendo de todas as tuas centenas de defeitos eu não o ame mais. Mais 129 dias e quem sabe serei eu a discar os números apenas pra te contar que à noite não me sinto só e tenho o vislumbre de um futuro sem ti. Quem sabe...
Imagino o dia em que tão inesperadamente quanto o amor chegou, ele se desfaça.
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