sábado, 12 de abril de 2014

A onda



Novidades bateram à minha porta. E eu tão inacreditavelmente pronta — talvez pelos muitos goles de álcool —, atendi sem desenhar mil planos para o futuro na minha mente.


Tão de repente, meu corpo que há tempos estava de alma vazia se viu sendo preenchido em instantes. Ele me trouxe o tipo de alegria que parecia ter sumido há décadas do meu ser, do pequeno ser que me tornei envolta naqueles braços. Inesperado. Inesperado é o que define esse momento e tudo o que ele me trouxe. Ele foi a onda de entusiasmo que eu carecia.


Desde que fui feita destroços, encostei em vários corpos, e sem saber explicar, eu digo que ele foi o primeiro de tantos a me trazer paz.


Mesmo não acreditando plenamente em todas as palavras que me foram lançadas, não precisei fazer esforços para me sentir confortável.


Sinceramente, tanto faz se eu voltar a encontrá-lo, pouco me importa se ele lembrará de mim, porque por uma noite, deitados na praia, mesmo que brevemente, ele me fez lembrar como é se sentir completa.



Agora, pisando nos grãos de areia que foram espalhados no chão do meu quarto pelas minhas roupas, só penso: valeu a pena!






domingo, 6 de abril de 2014

O que teu cheiro causa em mim

Acabo de despertar de um coma. Sonhava que eu enfim havia me curado de antigas feridas, eu ria, era livre, andava por caminhos diferentes, degustava novas bocas, caminhava com ares de quem não tem nada a temer e tão pouco se importa com algo. Pensei que vivia um novo começo, mas me flagro desabando outra vez.

Acordei porque senti teu cheiro. O cheiro que já havia esquecido. Por que estou sentido teu cheiro se não te vejo há meses? Acordei. Ou será que é agora que me encontro semi-morta vivendo o pesadelo?

Como uma descarga elétrica, não consigo me mexer para escapar, só sinto dor e um filme passa em minha mente, lembrando de tudo que minha memória já havia feito o belo trabalho de deletar. E eu sei que és insuficiente para mim, assim como também sou pra você, mas meu inconsciente insiste em dizer que somos um do outro, mesmo que ninguém o queira, mesmo que todos contestem, mesmo que nós duvidemos. Meu inconsciente insiste em não me deixar te apagar, insiste em escrever sobre uma pessoa só.

Teu cheiro.

Meus dedos percorrendo teu cabelo, eu deitada no teu peito, minha boca colada na tua, minha mordida na tua nuca. Senti o cheiro dos nossos dias de glória.

Só não sei se com a tua ausência estou viva ou morta...