quarta-feira, 24 de abril de 2019

Afinal, eu gosto de cinza

Levantei voo. Saí da cidade que mais amo; abandonei o convívio com meus melhores amigos; parti do conforto do abraço de minha mãe. Mas aterrissei em outro lar, no ninho paterno. Vivo uma dualidade pois ao passo que sinto ter saído da minha zona de conforto para crescer, sinto que posso estar optando pelo lado menos correto de viver a vida, menos intenso, com menor quantidade de boas memórias pra colecionar. 

Aqui é rotina. Lá era ligação de alguma amiga no meio da tarde para ir à praia, viagem de fim de semana para  algum show, ida a bares e festas que as vezes resultava no meu ser entrelaçado em outro alguém. Aqui por onde ando não há muita perspectiva de conhecer pessoas novas que compartilhem aventuras. Lá era arco íris, aqui é cinza.

Por outro lado, nunca estive em tanta conexão comigo mesma, tão focada e decidida, almejando o futuro ao invés de ficar sempre reprisando o passado. Tenho me bastado. Aproveitando o presente também, descobrindo manias e construindo memórias - boas e ruins, mas mais boas - com meu pai, com quem não dividia a casa há 11 anos.

Ironicamente, agora que sigo um padrão diário, me sinto mais livre. Acho que o isolamento me libertou do apego e amenizou antigas feridas. Além disso, minha constante ânsia pelo novo deve lembrar que estou aqui há apenas 1 mês e ainda existe muito a explorar e caminhos para cruzar. Me sinto grata e, apesar das dúvidas, tenho esperanças de que o hoje possa ser significativo pro amanhã. Aliás, já percebo mudanças significativas no meu eu de hoje, talvez não da maneira que eu queria, mas da maneira que eu precisava!